Cerca de 90 pessoas ocuparam, na tarde desta sexta feira, a principal loja da Macdonald no centro de Belém. Organizada pelos Comitês Populares contra a Alca da região metropolitana de Belém, a manifestação fazia parte do calendário da Semana de Boicote às empresas norte-americanas, que foi iniciada em Belém desde segunda-feira. Essa atividade faz parte do calendário da luta contra a Alca em todo o país.
Durante o ato os manifestantes também denunciaram a realização da reunião da OMC em Cancun (México), onde "...os de cima sentam para decidir o destino dos povos em favor do interesse das grandes empresas transnacionais", segundo um dos manifestantes declarava no carro de som.
Durante toda a semana, os Comitês Populares realizaram diversas atividades nos bairros onde estão organizados, como pintura de muros, panfletagem nas comunidades e escolas, etc, mobilizando a população desses bairros para a campanha de boicote aos produtos e empresas imperialistas. Na manhã de quarta-feira (10) organizaram uma manifestação em frente à fábrica da Coca-cola em Belém, fazendo panfletagem nos ônibus, colhendo assinaturas pelo plebiscito oficial sobre a Alca e estendendo faixas na passarela que corta a rodovia onde funciona essa fábrica. Todo esse processo e mobilização culminaria com o ato realizado nesta sexta com a ocupação da Macdonald.
Para preparar essa ação foram feitas diversas reuniões nos bairros e em outros locais, buscando envolver diversos movimentos sociais como o MTST, o Movimento Hip Hop, estudantes e sindicalistas, além de grupos de cultura alternativa.
A concentração para a manifestação ocorreu às 13 horas, em uma praça próxima à lanchonete, onde a estratégia de entrada da loja foi repassada a todos os participantes, para evitar qualquer alarme no momento de chegada dos manifestantes. Às 14 horas foi iniciada a ocupação da loja por pequenos grupos, que chegavam e compravam garrafas de água mineral e iam sentando nas mesas desocupadas, até preencher quase todo o espaço dentro da lanchonete. Enquanto isso, um outro grupo chegava com um carro de som e ocupava a calçada na frente da Macdonald, em plena avenida Nazaré, estendendo várias faixas dos Comitês Populares denunciando o imperialismo, a Alca, as dívidas e a militarização na América Latina. Também foi montada uma mesa na calçada com um panelão de açaí, uma bebida típica de nossa região, muito nutritiva e apreciada pela população mais pobre, que foi distribuída gratuitamente às pessoas que passavam pela rua curiosos, como símbolo do repúdio à comida padronizada que a Mac impõe aos povos do planeta. Em uma construção do outro lado da rua, um grupo de operários expressava apoio aos manifestantes, bem como diversas pessoas que passavam nos ônibus e em carros particulares.
Dentro da loja, cerca de 60 pessoas começaram a pintar o rosto com tinta branca e puxavam palavras de ordem como "Contra a Alca americana, na Amazônia a resistência é Cabana!". Foi comunicado ao gerente da loja a realização da manifestação e os objetivos da mesma: Boicote aos produtos imperialistas, solidariedade militante aos ativistas que lutavam contra a OMC em Cancun, mobilização popular pelo plebiscito oficial sobre a Alca no Brasil. O gerente e os funcionários estavam completamente atordoados com a ação, e não sabiam o que fazer. Acabaram chamando a polícia militar para tentar desalojar os manifestantes, mas os policiais nada puderam fazer pois não havia nenhuma violação formal da lei na manifestação. Cada militante estava "consumindo" uma caríssima água mineral, de forma pacífica e não muito "ordeira", mas sem agredir ninguém e sem causar nenhum dano material (ao menos dessa vez) ao local. Logo depois os manifestantes beberam açaí com farinha nas mesas da Macdonald, afirmando que os alimentos naturais da Amazônia são muito mais nutritivos e saborosos do que o fast food das multinacionais. Também foram consumidas várias frutas regionais no interior fora da loja, como o jambo, banana e outras.
Na frente da loja, a principal faixa dos Comitês Populares, nas cores vermelha e preta, traduzia a disposição daqueles e daquelas que ocuparam a Macdonald: "Nenhum passo atrás na luta contra o imperialismo!". Logo depois a mídia burguesa chegou ao local, querendo os nomes dos manifestantes e exigindo declarações sobre a manifestação. Nenhum manifestante revelou seu nome e nem deu declarações, se limitando a entregar panfletos do ato aos repórteres. "Não temos nomes, somos uma multidão..." respondiam os manifestantes. A polícia não permitiu a entrada da imprensa no interior da lanchonete, e tentou de todas as formas pressionar para a saída dos militantes, desistindo depois e retirando a maioria dos seus efetivos do local.
Às 19 horas os manifestantes iniciaram a retirada do local, reunindo-se em frente da loja ao som de cantos e gritos de rebeldia, ocupando a pista e seguindo em passeata até São Braz, chamando bastante atenção da população que estava nas paradas de ônibus e acompanhava atentamente a mobilização. Em São Braz foi organizada a dispersão dos militantes em pequenos grupos, depois de uma breve assembléia onde foram repassados informes da caravana contra a Alca para Brasília e marcada uma plenária para avaliação da ação e outros encaminhamentos.
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