Estrondosa derrota do governo uribista
O Referendo: Que vergonha!
Declaração do Partido Comunista Colombiano
Apesar de algumas perguntas terem alcançado o limiar de apenas 25 por cento do potencial eleitoral e outras não, aquilo que sofreu o governo de Álvaro Uribe Vélez foi uma estrondosa derrota no referendo de sábado 25 de Outubro, porque a abstenção atingiu a porcentagem dos 85 por cento da população colombiana. Curiosamente, foram os promotores do NÃO que permitiram que algumas perguntas obtivessem o mínimo necessário.
Mas o mais escandaloso foi a fraude, denunciada por diversos sectores do país, no que teve muito a ver a Registradora Nacional do Estado Civil, a samperista Alma Beatriz Rengifo. Apesar de os primeiros boletins reflectirem o forte peso da abstenção, de um momento para outro mudou a tendência com o argumento de que haviam sido apuradas primeiro as mesas em que houve menor participação. Não havia sucedido algo igual desde 19 de Abril de 1970, quando foi eleito Misel Pastraña Borrero como Presidente da República, através de fraude escandalosa e flagrante, no governo de Carlos Lleras Restrepo.
Ao que já foi dito somam-se factos tão graves como a pressão da Força Pública nas mesas de votação, como foi denunciado pelo Procurador Geral da Nação; as ameaças dos grupos paramilitares em departamentos de alta votação como Norte de Santander, Casanare, Meta, Cesar e outros; a ingerência indevida do embaixador dos Estados Unidos, o qual conclamou a que a abstenção fosse rechaçada; a chantagem dos empresários aos trabalhadores; e a grotesca campanha presidencial que se meteu em todas as partes, até mesmo distribuindo subsídios e fazendo promessas demagógicas que nunca cumprirá. A campanha pelo referendo é uma verdadeira vergonha nacional!
Contudo, Uribe Vélez não alcançou o seu objectivo porque ficou muito distante dos catorze milhões de votos pelo SIM anunciados pelo ministro do Interior Fernando Londoño.
Ao contrário, o peso da abstenção e o manejo oportunista e fraudulento do referendo, o que está a impor é uma saída política, democrática e popular da crise colombiana, longe do autoritarismo, do fiscalismo e do guerreirismo uribista. A Colômbia deve recuperar sua autonomia, libertando- se das peias do Fundo Monetário Internacional e do governo dos Estados Unidos, cujo embaixador em Bogotá parece o verdadeiro mandatário da república.
Está na hora de mudar o país num sentido positivo, mediante a acção de massas e a colocação em marcha de um movimento pela democracia e pelas reformas políticas e sociais avançadas, integrado por todas as forças sociais e políticas que fizeram parte da Grande Coligação Democrática pela Abstenção ao Referendo.
Façamo-lo já!
Bogotá D.C. 25 de Outubro de 2003
O original encontra-se em http://www.pcomunistacolombiano.org/PCC/pcc.htm
Esta declaração encontra-se em http://resistir.info.
29/Out/03