Chegou a hora de demonstrar à América e ao Mundo a determinação irreversível do povo boliviano de defender os seus recursos naturais do saque pretendido pelas transnacionais e às quais é servil o governo de Sánchez de Lozada. Hoje trata-se do gás, imensa riqueza que bem utilizada por servir para o desenvolvimento nacional, para retirar a Bolívia do atraso e da miséria agravada pela aplicação do modelo neoliberal.
Trata-se de uma riqueza de 54 x 10 12 pés cúbicos (1529 mil milhões de metros cúbicos) que valem mais de 150 mil milhões de dólares. A verdade incontroversa é que as transnacionais querem deixar apenas de 800 a 1200 milhões por ano, que o governo diz que os manteria em depósito fideicomisso para programas de educação e saúde. Em vinte anos de exploração as transnacionais apossar-se-iam do resto daquele valor e o povo da Bolívia, dono legítimo e constitucional dessa riqueza, continuaria na miséria capitalista de sempre. Há de facto uma dupla mentira na proposta governamental: primeiro, porque o povo tem experiência do engano permanente das transnacionais que nunca pagam à nação aquilo a que se comprometem e, segundo, que o governo é um bando de corruptos que utilizarão esses dinheiros em supersalários, na sua propaganda mentirosa e nos aparelhos de repressão, como já o fez com os fundos do HIPIC-II.
Por que a teimosia de Sánchez de Lozada no negócio do escoamento pelo Chile para vender gás ao Chile e aos EUA? A razão é que é sócio neste negócio turvo como membro do projecto de venda do gás à Pacific LNG por meio do consórcio Citigroup. Por sua vez o grupo Citigroup/Citibank é accionista da Endesa, empresa de energia do Chile com capitais norte-americanos. Não há como se enganar, aquilo que dizemos aqui o povo já intuía por experiência histórica e por isso mesmo está disposto a levar esta luta até às suas últimas consequências, ou seja, obrigar Sánchez de Lozada a renunciar a esta tenebrosa entrega do património nacional. E se não renuncia a esse plano o povo passará à etapa seguinte desta luta que é a própria renúncia de Sánchez de Lozada à presidência da República que exerce ilegítima e inconstitucionalmente.
O plano do povo para o resgate total dos hidrocarbonetos, o gás e o petróleo, é simples e plenamente factível: 1) Abolir a actual lei de hidrocarbonetos e substituí-la por outra de acordo com a Constituição Política do Estado, como proposto pela CODEPANAL [1] . 2) Restabelecer plenamente a YPFB [2] com todas as suas faculdades de exploração, transporte e venda dos hidrocarbonetos; 3) Industrializar o gás no país e satisfazer todo o consumo nacional, industrial e doméstico; 4) Vender o gás ao exterior a quem quer que pague por esta valiosa matéria-prima o preço justo e conveniente para a Pátria.
• Resgatemos o gás para a Bolívia e todos os bolivianos
• Não à venda do gás nas presentes condições
• Não à falsa consulta governamental, sim à consulta popular
• Sanchez de Lozada: ou renuncia ao seu entreguismo ou renuncia à presidência!
La Paz, 19 de Setembro de 2003
NOTAS
[1] Comité de Defesa do Património Nacional . http://resistir.info/bolivia/codepanal_20fev03.html
[2] Yacimientos Petrolíferos y Fiscales Bolivianos.
O original encontra-se em http://www.rebelion.org/internacional/030919pcb.htm.
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