Pessoas são Massacradas em Belo Horizonte-MG [-|Divulgue esta mensagem|-] Dia Sem Compras: Um dia para pensar o consumo, Uma data da "violência privada" Vou tentar ser breve neste relato, uma vez que este tem como objetivo estimular a solidariedade para com as pessoas que mais sofreram com os agressões por parte dos seguranças do Shopping Cidade (na Rua Rio de Janeiro, entre as Ruas Tupis, Goitacazes e São Paulo - Belo Horizonte/MG) no dia 23/12/2000. A manifestação tinha por objetivo ser pacífica. Ela é conhecida como "Dia Sem Compras", e este foi o segundo ano em que ela aconteceu em Belo Horizonte. O objetivo em se escolher fazer essa manifestação em frente ao Shopping Cidade, é o fluxo de pessoas que o centro de Belo Horizonte proporciona. Apenas passando pelo shopping, são 160 mil pessoas durante APENAS o dia 23/12 todos os anos, fora outras pessoas que estão passando pelo centro de Belo Horizonte. A manifestação em Belo Horizonte estava marcada para 12:00, horário do almoço. O principal motivo: haveria distribuição de comida/suco/etc.. Outros eventos estavam programados, como distribuição de panfletos, cafezinho/biscoito/balas na "Barraca da Reflexão", palhaços e "porcos consumistas" acompanhados de "consumidores sem rosto" andariam pela porta do Shopping Cidade conversando com as pessoas sobre o consumo. Performances também estavam marcadas de acontecer. O primeiro grupo chegou em frente ao Shopping Cidade às 12:30 e se juntaram a outr@s indivídu@s que já estavam esperando. A panfletagem se iniciou junto a uma enriquecedora discussão junto aos trabalhadores informais que a princípio achavam que estávamos "tentando atrapalhar as vendas deles" (e na verdade era praticamente o contrário). 13:00 horas chegou a "Barraca da Reflexão" - apesar de já quando companheir@s chegaram às 12:30 já está havendo distribuição de cafezinhos - que nessa mesma hora começou a ser montada e enfeitada com balões em um dos cantos do passeio, de forma que não atrapalhasse o fluxo de pessoas. Aproximadamente às 13:30, os seguranças do Shopping Cidade começaram a se "organizar" em frente a porta do mesmo, como um batalhão da tropa de choque, com seus "cacetetes" em punho. Os manifestantes se posicionaram em volta da barraca, e quem estava tirando fotos, foi estimulado a cobrir a 'cena'. Alguns manifestantes dizem que o chefe da segurança disse algo como: "Vocês tem um minuto para sair da porta!" E logo depois partiram para cima de todos, após o comando: "Pode tirar todos daqui!". Não somente manifestantes, mas clientes do Shopping Cidade que saiam no momento do local tomaram cacetadas, pontapés e socos no rosto. Companheir@s ficaram desesperad@s. Haviam companheir@s chorando, gritando, caindo no meio da rua. Companheiros com o braço inchando, costelas quebradas, garotas com marcas de cacetadas no peito, no ombro. Clientes do shopping com crianças no braço também apanharam. Essa cena foi bárbara, principalmente por que os manifestantes e os clientes do shopping não tinham como se defender, muitos tentaram se esconder das cacetadas, mas acabavam caindo, outros tentavam utilizar mochilas, até uma lata de lixo que estava no local foi usada, para não serem espancad@s. Tudo isso pouco ajudou! E s t r a n h o , o u E s p e r a d o ? Podemos notar diversos pontos importantes durante essa parte da manifestação, um deles é que o centro de Belo Horizonte (o local da manifestação) possui cerca de 40 policiais em dias 'distantes' do natal (digamos: novembro, outubro), mas em dezembro o policiamento dobra, então o número de policiais passa a cerca de 80. Pois bem, devo deixar claro que não estou reivindicando "proteção policial", mas é estranho olhar para os dois lados da rua, durante as agressões e não haver nenhum policial presenciando o ocorrido, ainda mais com um posto policial de observação na esquina onde estava havendo o protesto (Rua Tupis). Um outro ponto que afirma o quanto estranho é esse acontecimento, é que no "Dia Sem Compras" de 1999, havia muitos policiais na porta do Shopping Cidade. Bem, nada mais pode ser dito, mas companheiros viram em momentos antes da pancadaria, uma policial entrar no shopping, e depois sair. Tudo 'aumenta' a suspeita de que (o Shopping Cidade) não queriam a polícia presenciando o ocorrido, o que foi interessante para eles, uma vez que quando a polícia chegou (minutos depois da barbárie), os manifestantes foram agreditos verbalmente quando tentavam falar, e os seguranças do shopping foram cumprimentados como se fossem (provavelmente são) amigos íntimos dos policiais. Notamos também a não-identificação dos seguranças. A mesma atitude tomada pelo "batalhão de eventos" da polícia militar, encarregado de dispersar a cacetadas, coices de cavalo, mordidas de cães, e bombas diversas, os manifestantes nas ruas. Esse foi mais uma das indicações de que os seguranças iriam nos agredir. J u s t i ç a ( ? ) Alguns dos manifestantes, e clientes do Shopping Cidade entrarão na justiça contra a agressão dos seguranças e contra o Shopping Cidade. Mais informações sobre o andamento do processo poderá ser visto na página www.diasemcompras.com. Será entregue um relatório a cordenadoria de direitos humanos de Belo Horizonte, para que se consiga mais apoio e divulgação desse massacre promovido pelo Shopping Cidade. M a i s M a n i f e s t a ç ã o Após toda a confusão, e a saída da polícia do local, o advogado que está apoiando os manifestantes no caso, foi até a administração do Shopping Cidade (junto ao chefe da segurança, ao gerente, etc.) e comunicou que entraria na justiça contra o shopping, além de comunicar que voltaríamos para a porta do Shopping Cidade para continuar o protesto. E foi o que aconteceu, estávamos com cerca de 15 kilos de macarronada, 10 litros de suco, além de pipoca, balas, pirulitos, biscoito, e outros doces para distribuir. Houve então batucada, e muita conversa com as pessoas que estavam passando, além de "pesquisas" sobre o consumo e a distribuição de alguns poucos panfletos e café restantes, uma vez que os seguranças haviam quebrado garrafas térmicas, sujado panfletos, etc.. Enfim, a manifestação terminou bem, apesar de sabermos que estávamos marcados daqui para frente, e também sabermos que temos a obrigação de comunicar esses fatos para todas as pessoas a quem temos acesso. S o l i d a r i e d a d e a o s M a n i f e s t a n t e s e B o i c o t e a o S h o p p i n g C i d a d e Os "manifestantes", como os venho chamando, eram em sua maioria: trabalhadores, estudantes, desempregados, como vocês que estão lendo este e-mail/relato. Todos nós (nós e vocês que estão lendo) podíamos estar lá, nos manifestando contra o consumo exagerado das pessoas, contra a transformação das pessoas em "CONSUMIDORES e CONSUMIDORAS" e não em pessoas. Aqueles e aquelas que estavam na porta do Shopping Cidade dia 23/12/2000 eram pessoas comuns que estão cansadas do massacre (não apenas de cacetetes) por parte da sociedade capitalista, o massacre provocado pela miséria, pela fome, pela indiferença das pessoas nas ruas. Viramos números, consumidores/consumidoras, "máquinas biológicas" acostumadas a apenas repetir e NUNCA criar. Somos tudo, menos humanos! E é por isso que é importante juntarmos agora nossas forças contra mais um "grupo" de exploradores que nos massacra dentro desta sociedade. Pedimos aqui, para que vocês que estão recebendo este e-mail, que manifeste sua revolta contra esse shopping que através de seus seguranças, agrediu fisicamente e moralmente pessoas que estavam apenas pedindo por seus direitos (além de agredir também seus próprios clientes), o direito de criar, o direito de ser livre, o direito de ser HUMANO!!! Se você quer manifestar seu apoio, envie um e-mail de repúdio ao Shopping Cidade (e-mail do Shopping Cidade: mkt@shoppingcidade.com.br), e ainda repasse este e-mail para tod@s que você conhece. Não podemos deixar em branco o dia 23/12/2000. Um dia que havia sido preparado para ser uma festa contra o consumo, um dia de reflexão, mas que acabou se transformando em um dia de agressão, violência e covardia. Você que mora em Belo Horizonte, e conhece o Shopping Cidade, a partir de hoje não frequente mais esse lugar. Se você o fizer, estará contribuindo com várias empresas, que contratam "pessoas" para "guardar" seu patrimônio de pessoas como eu e você (e por que não?), que estão cansadas de enxergar um futuro em que nós e nossos filhos estarão ACOSTUMADOS com a distância entre as pessoas, falta de personalidade, e com a agressão por parte dos "nossos representantes". Diga NÃO ao controle corporativo! Diga NÃO aos opressor@s do povo escondid@s em suas "máscaras impessoais"! Diga NÃO ao Estado! Vamos estreitar as nossas relações e boicotar os "DONOS" do mercado! Um grande abraço a tod@s; CAP (Um dos grupos que participou da manifestação) Para ver as fotos da manifestação e das agressões visite: www.diasemcompras.com