sexta-feira, 19 de julho de 2002
*Emir Sader
O que caracteriza a situação internacional desde o ano passado é a entrada numa zona de turbulência pela conjunção entre o esgotamento do ciclo expansivo da economia norte-americana e a virada da política norte-americana para uma linha violenta de ofensiva.
A década de 90 esteve marcada pela expansão da economia dos EUA, pela ideologia do livre comércio e do consumismo, identificados com o governo Clinton, Davos, Mc'Donalds, Microsoft e a ideologia de uma "nova economia", que nunca mais entraria em crise. No seu conjunto, a expansão econômica e o discurso ideológico que a acompanhou consolidaram a nova forma de ideologia no mundo pós-guerra fria, o mundo de uma única super-potência imperial.
Essa expansão se esgotou no ano passado. Ao mesmo tempo, com os atentados de 11 de setembro, os EUA substituíram o slogan da ideologia do livre comércio e da desregulação econômica e financeira, pelo da luta sem trégua contra o terrorismo. Assim, passaram a pautar sua ação pela guerra contra o que eles consideram terrorismo sem qualquer compromisso com qualquer forma de legalidade ou institucionalidade internacional. Se a guerra do Golfo foi levada a cabo em nome da ONU e a da Iugoslávia em nome da OTAN, a do Afeganistão foi levada adiante pelos EUA diretamente, sem qualquer outro limite que a capacidade auto-assumida de retaliar quem ele decida que seja responsável por agressões - existentes ou potenciais - contra seu território e seus interesses. Dessa forma está anunciado o ataque ao Iraque, mesmo sem provas ou adesão de aliados internacionais. Estes passaram a ser valorizados conforme sua capacidade de fortalecer a capacidade de guerra norte-americana. Assim Rússia, China, Paquistão e Israel tornam-se aliados importantes, diminuindo, nesse sentido a importância da Europa e para níveis mais baixos ainda a América Latina ou o Japão.
O tema energético define o mapa das intervenções prioritárias dos EUA. Praticamente todos os principais focos de conflito atuais tem o componente energético, quase sempre o petróleo e/ou o gás: Afeganistão, Colômbia, Venezuela, Oriente Médio, Argentina. O governo Bush, por seu lado, tem nas grandes empresas petrolíferas, originárias do seu governo no Texas, um dos seus pilares. A renovação da aliança com a Rússia deve ser vista nesta ótica, a de tornar relativamente independente a dependência petrolífera dos EUA do Oriente Médio e, em particular, do seu vacilante aliado principal nessa zona, a Arábia Saudita.
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Emir Sader é especialista em América Latina e Professor da UERJ e USP
Na madrugada de 18 de julho, pistoleiros comandados pelo fazendeiro Valdir Alves mataram a tiros o líder indígena Raimundo Sota, na fazenda Braço da Dúvida, região de Taquari, município de Pau Brasil, Bahia. A fazenda, invadida por Alves, havia sido retomada recentemente pelos índios Pataxó Hã-Hã-Hãe.
Esta foi uma morte anunciada. As lideranças Pataxó Hã-Hã-Hãe vem solicitando a um bom tempo que providências mais enérgicas fossem tomadas, mas as denúncias e os pedidos foram relegados a segundo plano, incentivados e animados. Assim, a cidade de Pau-Brasil voltou a se tornar uma terra sem lei, a não ser a lei do mais forte. As informações são do CIMI (Conselho Indigenista Missionário)
O South African Mail and Guardian, em 5 de julho, publicou matéria de Jan Rocha sobre a importância do MST para diminuir a fome e a pobreza no país. A reportagem mostra também a luta do MST pela soberania alimentar, contra os transgênicos e para produzir sem agrotóxicos. leia a reportagem (em inglês)
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