Protestos fazem Paraguai decretar estado de emergência

by UOL 11:35pm Mon Jul 15 '02
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Por Daniela Desantis

ASSUNÇÃO (Reuters) - O governo paraguaio decretou na segunda-feira estado de emergência em todo o país, depois que ao menos quatro pessoas ficaram gravemente feridas durante um protesto contra o presidente Luis González Macchi.

A medida, que dá ao Executivo o poder de prender pessoas, fazer buscas em propriedades privadas e proibir manifestações públicas, foi complementada com outro decreto autorizando as Forças Armadas a atuar em áreas de segurança interna.

O ministro do Interior, Víctor Hermosa, disse à imprensa que o estado de emergência foi decretado para "evitar uma situação de maior violência" após os incidentes de segunda-feira.

O estado de emergência foi decretado por cinco dias, mas deve ser ratificado dentro de 48 horas pelo Congresso para que alcance essa vigência. Fontes do governo afirmam que as manifestações foram organizadas por seguidores do ex-general Lino Oviedo, inimigo político do presidente, e teriam como objetivo gerar um clima de instabilidade para forçar a renúncia do governante.

Porta-vozes do movimento liderado por Oviedo, que está refugiado no Brasil, negaram que o grupo provocou o protesto.

Em Ciudad del Este, 320 quilômetros a leste de Assunção, cerca de 800 pessoas bloquearam a Ponte da Amizade, que liga o Paraguai ao Brasil, para exigir a renúncia de González Macchi. Houve confronto entre manifestantes e policiais que tentavam desbloquear o caminho.

O diretor do Centro de Emergências Médicas, José Mayans, disse que quatro pessoas foram hospitalizadas em centros de saúde de Ciudad del Este com ferimentos de balas, entre elas um garoto de 11 anos, e outras oito foram atendidas com ferimentos diversos.

Outro choque entre policiais e manifestantes foi registrado 30 quilômetros ao norte de Assunção, perto de Itá, e teve como resultado três feridos.

"Estamos nos comunicando com todos os diretores regionais para que fiquem a par da situação. Ajustamos todos os detalhes para que, no caso de haver outras situações violentas, estejamos em condições de responder", disse Mayans.

A polícia informou que também foram registrados bloqueios de estradas nos departamentos de Itapúa, Caguazú, Misiones e Central, além de uma concentração diante da sede do Congresso Nacional em Assunção, que reuniu 600 pessoas.

González Macchi pertence ao Partido Colorado e chegou à Presidência por ser membro do Congresso e terceiro na linha de sucessão após a renúncia do presidente Raúl Cubas e do assassinato do vice-presidente Luis Argaña en 1999.

Oviedo era considerado o poder por trás de Cubas e foi acusado de planejar o assassinato de Argaña. O vice-presidente paraguaio, Julio César Franco, que é chefe do Partido Liberal Radical Auténtico (PLRA), da oposição, apoiou as manifestações e pediu a seus seguidores que se unissem aos protestos.

Oviedo, de 57 anos, é acusado ainda de liderar três tentativas de golpe de Estado desde 1996 e por essa causa foi condenado a 10 anos de prisão, mas está refugiado no Brasil, de onde organiza seus simpatizantes esperando a hora certa para retornar.

"Está claro. Essa é uma empreitada oviedista", disse a jornalistas o senador Juan Carlos Galaverna, presidente do Congresso.

O primo de Oviedo, Roque Oliveira, disse à Reuters que o ex-ditador paraguaio estava fora de sua casa em Brasília, visitando negociantes do ramo de exportação de pesca em São Paulo. E disse que Oviedo continuaria fora por outros oito dias mas que ele ainda vivia em Brasília.

"Ele adoraria voltar (ao Paraguai), mas só quando retirarem as acusações contra ele", disse Oliveira. Ele disse que Oviedo mantém contato com algumas pessoas no Paraguai, principalmente amigos.

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