notícia colocada por: infolivre em 2002-07-14
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A revolta dos camponeses de San Salvador Atenco, perto da capital do México, iniciada quinta-feira ganhou ontem maiores proporções devido à violenta repressão. A quantidade de lavradores detidos não foi confirmada, os "ejidatarios" mantêm 12 pessoas presas, afirmando que liberarão a todos assim que seus companheiros sejão libertados.
O movimento de San Salvador Atenco, que tem como lema "Terras sim, aeroporto não!", começou em outubro passado, assim que foi anunciado o plano de construir o novo terminal aéreo. Para tanto, o Presidente Fox decretou a expropriação de 5.390 hectares de terras de "ejido" - forma de propriedade comunitária camponesa que vem desde os tempos pré-colombianos. Os moradores de Atenco já reiteraram várias vezes que defenderiam a terra com suas vidas se necessário.
A Revolta popular teve início quando ao menos mil policiais da Força de Ação e Reação Imediata (FARI) do Estado do México partiram contra 100 lavradores de San Salvador Atenco quando estes se dirigiam ao munícipio de Teotihuacán para protestar em um ato que seria realizado pelo governador mexicano, Arturo Montiel Rojas. A repressão deixou um saldo de cerca de 30 feridos, 13 camponeses presos e, em contrapartida, 12 policiais e funcionários do governo tomados como reféns pelos manifestantes.
Os camponeses se retiraram para seu povoado com os reféns.
Ontem, os camponeses de San Salvador Atenco chegaram a Subprocuradoria de Texcoco e reteram a um Subprocurador, um agente do ministério público, dois empregados e um policial Judicial. E reiteraram que sua exigência é de que sejam liberados seus líderes, Ignacio del Valle, Adán Espinoza e Felipe Núñez, e que fosse noticiado o paradeiro de 15 a 30 pessoas que foram detidas. "Antes que o sol se oculte, que se mostrem imagens reais, vivas de nossos companheiros detidos", disse David Pájaro, líder do movimento camponês.
Além disso, os "ejidatarios" mantem detidos quatro policiais e um civil que foram capturados após o enfrentamento de meio dia. Os camponeses tomaram as ruas do centro de Texcoco e anunciaram que as medidas a tomar serão drásticas.
Mas eles também recorreram a um advogado, Ignacio Burgoa Orihuela, que entrou na justiça e obteve a suspensão da obra. "Enquanto a tramitação não se encerre definitivamente, o que pode durar muitos meses, as autoridades não podem invadir as terras do ejido", declarou Orihuela à BBC de Londres.
Os reféns foram entrevistados pela rádio local. Disseram que passam bem e pediram que se agilizassem as negociações para que pudessem voltar às suas casas.
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