Texto traduzido do CMI Argentina
(Econoticias Bolivia) - Transbordante de alegria, o povo rebelde do Altiplano derramou lágrimas e se abraçou nas ruas e esquinas quem lutou, sofreu, sangrou e venceu os tanques e as armas.
"Este é o triunfo do povo boliviano", disse o principal irigente da Central Obrera de El Alto, Roberto de La Cruz, rodeado de homens mulheres, velhos e crianças feitos na pobreza e dignidade.
"El Alto de pé, nunca de joelhos", gritam os heróis anônimos, os heróis do gás, enquanto a televisão mostra o Parlamento, de onde se lia a renúncia do agora ex-presidente Gonzalo Sanchez de Lozada, o milionário que escapou da fúria popular em baixo da proteção direta da embaixada dos EUA.
A festa de El Alto se repete nas ruas de La Paz, regadas com sangue dos mais pobres, dos mais humildes. Ali caíram muitos para mostrar, hoje e sempre, que La Paz é "cuna de liberade e tumba de tiranos". Na Praça de San Francisco estão os mineradores, se abraçam e choram.
No Congresso já foi jurado como novo presidente Carlos Mesa, empresário neoliberal. "Não há confiança em Carlos Mesa. Tem que se por às ordens do povo, senão, vamos tirar", adverte La Cruz, que instrui não baixar a guarda. As pessoas o abraçam, o beijam, o escutam como quando chamou aos irmãos e irmãs a resistirem.
Mesa já está fazendo seu discurso. Diz que fará um referendum para que o povo decida se se vende ou não o gás. Todos os meios de comunicação estão lá. Nós preferimos estar aqui a 4 mil metros de altura, na cidade de El Alto, de onde brilham como nunca as estrelas. O povo está festejando, amanhã estará lutando de novo.
Mesa fala de uma assembléia constituinte, pede um prazo para fazer e oferece convocar novas eleições assim que o Congresso quiser, dominado em 2/3 pelos partidos que acompanharam Sanchez de Lozada. Fala de cumprir a lei, de lutar contra a corrupção e os parlamentares o aplaudem. Pede trégua aos setores sociais, os parlamentares voltam a aplaudir.
Do lado de fora, longe da Praça Murillo, de onde comeá a Patria, a festa popular se repete e multiplica nos povoados do Altiplano, em Oruro e Cochabamva, nos Yungas de La Paz, nas minas, nos vales de Cochabamava, Chuquisca e Santa Cruz. Em todo país, em todo lugar, dentro e fora da Bolívia, de onde estiverem os bolivianos dignos.
El Alto, octubre 17, 2003 (Hrs. 22:30)
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