sábado, 25 de janeiro de 2003
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Daniela Stefano*
A Via Campesina realizou, de 21 a 23 de janeiro, a Primeira Assembléia Mundial de Camponeses. O evento, realizado no Colégio Rainha do Brasil, em Porto Alegre, foi também uma preparação para a 4a Conferência da Via Campesina, instância máxima da organização.
Entre os principais temas de debate se destacaram a luta pela soberania alimentar, contra a OMC (Organização Mundial do Comércio) as campanhas Global pela Reforma Agrária, contra os transgênicos e patentes, assim como os esforços pelo respeito dos direitos humanos e a unidade com o conjunto do movimento social em níveis regional, continental e mundial.
"Debatemos o crescimento da pobreza e miséria a que estão submetidos os nossos povos, a privatização da terra, água e demais recursos naturais pelas transnacionais que tem levado milhões de famílias indígenas, camponesas e negros do campo no mundo inteiro à migração e ao desemprego como produto das políticas neoliberais, acompanhadas pela militarização de nossos países e declarações de guerras sujas com o pretexto de combater o narcotráfico e o terrorismo", diz o documento final da assembléia.
Os efeitos da globalização neoliberal atingem e massacram todos os povos. Milhões de pequenos agricultores foram expulsos de suas terras por não terem mais condições de plantar. Negociações realizadas pelos países sem o consentimento da população, como na OMC e o acordo TLCAN (Tratado do Livre Comércio da América do Norte) só atendem às grandes corporações transnacionais em detrimento da grande maioria da população.
A soberania alimentar, o direito dos povos de produzir e comer de acordo com sua cultura, está ameaçado. "Querem padronizar a alimentação de todo o mundo", afirma João Pedro Stedile, da direção nacional do MST. De acordo com ele, 85% da população da América Latina é obrigada a comer produtos a base de soja, milho, arroz e feijão.
Aliado à padronização dos alimentos está também a ameaça a biodiversidade. Com interesses em lucros, as transacionais desmatam e poluem rios, fazendo com que diversas espécies de sementes entrem em extinção. E ainda patenteiam ervas e plantas utilizadas pelas populações nativas por séculos, dificultando o acesso da população que sempre as usou.
Participaram da Assembléia Mundial dos Camponeses cerca de 350 delegados e delegadas e amigas e amigos vindos de mais de 40 países, representando 101 entidades. A Via Campesina é um movimento internacional que coordena organizações camponesas de pequenos e médios agricultores, trabalhadores agrícolas, mulheres rurais e comunidades indígenas na Ásia, África, América e Europa.
Daniela Stefano é jornalista.
O Jornal Brasil de Fato, idealizado por movimentos sociais brasileiros que representam o desejo de mudanças no país, terá lançamento nacional hoje (25/1), às 20h30. A atividade conta com a participação de Sebastião Salgado, Aleida Guevara, Eduardo Galeano, Hebe de Bonafini e Plínio Arruda Sampaio. O evento acontece durante o III Fórum Social Mundial, no auditório "Araújo Viana", no Parque da Redenção, em Porto Alegre.
Durante o III Fórum Social Mundial, está sendo lançada a campanha mundial "As sementes são patrimônio da humanidade". Promovida pela Via Campesina internacional, tem a intenção de defender a biodiversidade e contra o patenteamento das sementes por transnacionais.
O MST, juntamente com a Via Campesina (entidade que organiza os movimento de pequenos e médios agricultores em todo o mundo) está participando de várias atividades durante o III Fórum Social Mundial, que acontece de 23 a 28 de janeiro em Porto Alegre. Saiba de todas as atividades acessando a página do MST no III Fórum Social Mundial: www.mst.org.br/fsm/3fsm_inicial.html.
Excepcionalmente esta seção não será publicada por este boletim ter sido finalizado durante o III Fórum Social Mundial.
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