sexta-feira, 7 de fevereiro de 2003
Durante o III Fórum Social Mundial foi realizada a Assembléia dos Movimentos Sociais. Abaixo, seguem trechos do documento final elaborado naquela ocasião:
Somos movimentos sociais que estão lutando em todo o mundo contra a globalização neoliberal, a guerra, o racismo, as castas, o fanatismo religioso, a pobreza, o patriarcado e todas as formas de discriminação e exclusão econômica, étnica, social, política, cultural e sexual. Nós lutamos por justiça social, cidadania, democracia participativa, direitos universais e pelo direito dos povos de decidirem seu próprio futuro.
Defendemos a paz e a cooperação mundiais, a sociedade sustentável, atendendo às necessidades de alimento, moradia, saúde, educação, informação, água, energia, transporte público e direitos humanos das pessoas.
Somos contra a guerra no Iraque, os ataques aos povos Palestino, Checheno e Curdo, as guerras no Afeganistão, Colômbia e África e a crescente ameaça de guerra na Coréia. Nós nos opomos à agressão econômica e política contra a Venezuela e ao bloqueio político e econômico pelo governo dos EUA contra Cuba. Nós somos contra todos os tipos de ações militares e econômicas projetadas para impor o modelo neoliberal e enfraquecer a soberania e a paz dos povos pelo mundo inteiro.
O governo dos Estados Unidos e seus aliados estão impondo guerras como uma solução cada vez mais comum para seus conflitos. A maioria da opinião pública mundial se opõe à iminente guerra no Iraque. Nós chamamos todos os movimentos sociais e forças progressivas a apoiar, participar e organizar protestos mundiais no dia 15 de fevereiro de 2003.
A Organização Mundial do Comércio (OMC), a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) e uma proliferação de tratados de comércio regionais e bilaterais, tais como a Tratado Africano de Crescimento e Oportunidade (AGOA) e os tratados de livre comércio propostos na América Central, são utilizados por corporações multinacionais para promover seus próprios interesses, para dominar e controlar nossas economias e impor um modelo de desenvolvimento que empobrece nossas sociedades.
Em nome da liberação do comércio qualquer aspecto da vida e da natureza está a venda e os direitos básicos das pessoas lhe são negados. Multinacionais agrárias tentam impor os transgênicos no mundo todo; pessoas que sofrem de AIDS e outras epidemias na África e outros locais não possuem acesso a medicamentos genéricos baratos. Além disso, países do sul estão encurralados num ciclo de dívida sem fim, que os força a abrir seus mercados e exportar suas riquezas.
Vamos organizar protestos em massa pelo mundo todo durante o quinto encontro ministerial da OMC em Cancun, México em setembro de 2003 e durante o encontro ministerial da ALCA em Miami, EUA, em outubro.
Nós devemos apoiar qualquer país endividado que resolva interromper o pagamento de sua dívida externa e quebrar seus acordos com o FMI, especialmente os Programas de Ajuste Estruturais. Séculos de exploração dos povos do terceiro mundo, de seus recursos e meio-ambiente lhes dá o direito a compensações. Nós perguntamos: Quem pertence a quem? Essas questões serão levantadas nas principais mobilizações que estarão acontecendo em 2003, G8 (Evian/Junho), OMC (Cancun/Setembro) e no encontro anual do FMI e do Banco Mundial (Washington/Setembro).
Nós chamamos todos os movimentos sociais e forças progressistas para fazer parte da mobilização para denunciar a ilegitimidade e também para rejeitar as políticas do G8 que estará se encontrando em Evian, na França de primeiro a 3 de junho de 2003. Esta mobilização incluirá uma conferência alternativa, um acampamento alternativo e uma imensa demonstração internacional.
Nós somos parte das ações promovidas pelos movimentos das mulheres no dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher, para lutar contra todas as formas de violência e patriarcalismo e por igualdades sociais e políticas.
Nós pedimos solidariedade a todas as forças sociais, movimentos e organizações ao redor do mundo para povos tais como o palestino, o venezuelano, o boliviano, o cubano (que luta contra o bloqueio norte-americano) e outros que estão enfrentando crises extremas e estão lutando contra a hegemonia imperialista neste exato momento.
No ano passado, durante o Fórum Social Mundial em Porto Alegre, nós adotamos uma declaração que define nossos objetivos, nossas lutas e as maneiras através das quais construímos nossas alianças.
Agora queremos construir uma rede articulando nossas análises e nossos compromissos para nossas mobilizações. Para este fim, propomos construir um grupo de contato como um recurso e ferramenta para nossas mobilizações internacionais, incluindo preparar reuniões, promover debates e democracia através da promoção de um website e listas de discussão.
Nos próximos meses nós teremos muitas ocasiões para experimentar, melhorar e construir este processo através de nossas campanhas e mobilizações.
* O documento completo está em inglês e em castelhano em http://www.movsoc.org
Durante o III Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, os movimentos sociais do mundo todo concordaram em fazer manifestações pela paz no sábado, 15 de fevereiro, para que os Estados Unidos não ataquem o Iraque. Sugerimos que sejam organizadas atividades no seu espaço social, igreja, comunidade, escola, vizinhança, faça alguma coisa. Sugerimos vigílias, atos politicos, reuniões, reflexões, orações, panos brancos nas janelas. Caso sábado seja um dia em que a sua cidade/bairro/região não costuma realizar manifestações, a mesma poderá ser feita na sexta-feira, dia 14 de fevereiro.
Há cerca de três anos, a Confederação de Camponesa da França organizou uma manifestação com centenas de agricultores, destruindo um cultivo de sementes transgênicas. O poder judiciário abriu um processo apenas contra dois diretores da confederação, José Bové e René Riesel, que acabam de ser condenados a 14 meses de prisão. Com o único recurso agora é pedir a anistia da pena ao presidente da França, pedimos a todos e todas que enviem mensagem para:
Presidente Chirac: webmestrewww.elysee.fr
Para que a sua solidariedade chegue também às mãos da Confederação Camponesa da França, envie cópia para a Via Campesina Brasil: viacampesinauol.com.br
O documentário "Raiz Forte" foi editado na Itália junto com a revista Carta. Desta forma, foram feitas cinco mil cópias do vídeo, que está sendo vendido nas bancas de jornal de todas as cidades italianas. Raiz Forte mostra a realidade dos sem terra do MST em diversos estados do país. A apresentação do vídeo para a revista Carta está em http://www.carta.org./rivista/settimanale/2003/03.video.htm
Li a vossa mensagem sobre a guerra ea paz e da manifestação do próximo dia 15 de fevereiro. Obrigado. A gente adere e divulga no máximo possível.
Peço continuar enviar noticias, convocações, denuncias etcc....
Arrigo
Agradeço pelo envio do boletim. Gostei muito e tenho vivo interesse em continuar recebendo tudo sobre o MST assim como sobre a Via Campesina. A todos desejo muitos exitos, que a luta avance até erradicar o ultimo latifundio e fazer justiça aos que deram a liberdade e a vida por causa tão justa.
Arthur de Paula
Gostaria de registrar o recebimento dos informes do MST. Produção de alto nível, clareza didática, objetividade e alto teor formativo e cidadão. Obrigado e saibam que tal informe nos tem servido para grandes e importantes discussões nesta entidade.
Ângelo Cavalcante - Coordenador do DCE/UCG (Goiânia/Goiás)
MST Informa é uma publicação quinzenal do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, enviada por correio eletrônico. Edições anteriores. Sugestões de temas, artigos, formato: semterramst.org.br. Incluir ou remover correios eletrônicos no cadastro do MST Informa.
Opine www.mst.org.br | Español | English
MST | Brasil | FSM | www.agp.org