Date: Tue, 28 Jan 2003 17:02:49 +0000
Por Felipe Corrêa
O segundo encontro dos grupos e indivíduos inspirados pelos princípios da Ação Global dos Povos aconteceu dia 27/01/2003 às 18h30 no DCE da UFRGS em Porto Alegre. Muitos grupos que estiveram presentes na Conferência da AGP que aconteceu dentro do evento "Vida após o Capitalismo", voltaram a se encontrar e trocaram experiências, além de ter encaminhado algumas propostas.
Alguns assuntos deveriam ser discutidos como:
Dessa vez os grupos, que já se conheciam um pouco, puderam apresentar para os outros, qual era a conjuntura de seus países e dar diversos exemplos de como uma resistência mundial poderia continuar sendo feita.
Nas discussões sobre as campanhas contra a ALCA, o grupo de São Paulo, Ação Local por Justiça Global, apresentou seus projetos, explicando como foi desenvolvida a campanha contra a ALCA pelo grupo, principalmente em 2002, ano em que houve uma produção de material e de promoção de debates em escolas e centros comunitários bastante intensas. Desde meados de 2000, o grupo, juntamente com outros grupos de São Paulo, já estava envolvido com a campanha contra a ALCA e o ato de 20 de Abril de 2001, conhecido como A20, acabou tendo uma grande repercussão por razão da repressão que aconteceu. Explicaram também a diferença de concepção do porquê ser contra a ALCA dos partidos políticos e dos grupos autônomos - que rechaçam altamente o nacionalismo e a soberania que estão por trás dos discursos partidários.
Um ativista do Uruguai que trabalha com o Centro de Mídia Independente, deu uma passada pela conjuntura do país e como estavam acontecendo os protestos por lá. Disse que aconteceu somente uma manifestação contra a ALCA no país. As ações mais radicais do país têm ficado por conta dos grupos como os "Amigos de la Tierra" e dos ecologistas em geral. O tema ALCA, não sabe porque, não toca fortemente os grupos do país.
As atividades na Argentina foram descritas por um ex integrante do extinto grupo "Primavera de Praga" que agora faz parte do Intergaláctica. Ele relatou que as repercussões de Seattle foram muito grandes no país e que desde então, os grupos vêm se interessando pelo trabalho com ações mais radicais como os bloqueios por exemplo. Na mesma época, fruto dessa ascensão do movimento, surgem grupos de ações radicais, e o Centro de Mídia Independente da Argentina. Alguns grupos menos radicais como a ATTAC, o Jubileu 2000, o Autoconvocatória contra al ALCA e algumas ONG's também se envolveram na campanha da ALCA, mas muitas com os mesmos problemas descritos pelo grupo do Brasil, dando um caráter bastante nacionalista à sua crítica. Atualmente o MTD (Movimiento de los Trabajadores Desocupados) tem tentado desenvolver outras atividades na campanha contra a ALCA.
Sobre o Equador, falou uma integrante dos grupos Confederación Nacional Campesina e da Confederación Indígena Del Ecuador. Explicou que possivelmente fariam uma ação simbólica no dia 17/04 que é o dia dos camponeses e comentou sobre a reunião da AGP Latina que estava sendo articulada pelos grupos do Panamá.
O índio que pertencia ao Movimiento Indígena de Panamá (Kuna), disse estarem organizando o encontro latino e que enviariam o chamado antes de Junho, convocando para uma reunião. Ele reforçou ainda a importância de se atentar para o Plano Puebla-Panamá, para o Plano Colômbia e outras tentativas de intervenção na América Latina.
Tratou-se também da relação dos grupos autônomos com os partidos, quando estão dentro das mesmas campanhas e como fazer para conseguir defender os mesmos objetivos sem ser cooptado ou se perder dentro dos partidos. Cada país deu exemplo de como se relacionam com os partidos políticos e as alternativas para negociar, quando as campanhas forem são comuns.
Uma questão muito importante abordada na reunião, foi a forma dos dias de ação global e sua efetividade. Foi consenso que as manifestações dos dias de ação global, nos moldes que têm sido feitas, perderam grande parte de sua força e de seu poder de pressão, por isso a importância de se pensar em alternativas de luta mais efetivas e radicais. Levantou-se a dificuldade que as pessoas têm de se articular e passar a contribuir de forma mais significativa com as atividades da coalizão, pensou-se em alternativas e como fazer com que as pessoas constituíssem grupos e realmente se envolvessem mais. Foi também consenso que os dias de ação global, são muito mais uma forma de trazer uma questão à tona, para que ela tenha atenção e possa ser discutida, do que para seu combate. A idéia é que as manifestações possam "apresentar" algumas questões às pessoas e que os grupos tenham uma atuação social para que o assunto possa ser aprofundado e discutido nas comunidades.
Levantou-se a possibilidade de tentar se fazer uma ação com antecedência para a comemoração dos 10 anos do levante zapatista. Como uma grande parte do movimento considera o levante zapatista o início do movimento de resistência global, tavez houvesse bastante facilidade de agregar mais gente, já que é uma causa com bastante simpatia das pessoas. Houve também uma sugestão de se trabalhar com a questão da Guerra EUA x Iraque.
A Coordinadora Nacional de Viudas de Guatemala (CONAVIGUA) da Guatemala citou que estão também na luta e dando enfoque principamente no trabalho com a terra e na integração com o meio ambiente.
Um exemplo muito efetivo de luta, foi dado pelos companheiros do Equador, que tiveram uma ótima efetividade com a realização de uma caravana. Explicaram como se realizou a caravana: algumas pessoas, trabalhando voluntariamente, viajaram para fazer contato com as comunidades mais distantes e com o intuito de levar informação sobre o que estava se discutindo (ALCA). Foi uma equipe com algumas pessoas (umas 5 ou 6) e faziam discussões com 50 pessoas em cada local, deixando material e conhecimento para que essas pessoas pudessem multilicar o que haviam aprendido.
Uma outra forma de trazer pessoas para as manifestações e fazer com que se envolvam numa militância mais radical é através das pelestras / debates / seminários que pode-se realizar em escolas, grupos e comunidades da periferia e outros locais que os grupos acharem importante.
Ficou pendente para que realizemos os encotros locais e nacionais para discutir o encontro da OMC em Cancún que vai acontecer de 10 à 13 de Setembro, a campanha da ALCA que deve continuar com uma radicalização das ações, e a comemoração do levante zapatista (as pessoas que estão envlvidas com essa ação, comunicarão conforme forem se desenrolando os processos do encontro e seria bom que se pensasse em algo para a data sugerida (Dez de 2003).
Estiveram presentes também outros grupos na reunião -ARS26 e o Espaço Socialista de São Paulo e do grupo Buko da Alemanha. Pude relatar apenas os que tive algum contato ou que falara na reunião. Certamente haviam outros que não estão citados aqui.
Vamos ver se combinamos os próximos encontros com mais antecedência...
Seguimos resistindo...