Convocatória do I Encontro Latino-Americano de Organizações Populares Autônomas

Há 500 anos o povo latino americano resiste. Há 500 anos tentam calar a voz que vem das montanhas, do fundo da terra, do calor das fábricas, das ruas, dos muros, dos becos, dos barracos nos labirintos das periferias. Primeiro, os índios. De lança em punho e cabeça erguida, enfrentaram o colonizador. Os negros, rompendo as correntes, resistiram nos Quilombos. Os imigrantes pobres, explorados nas fábricas, enfrentaram os patrões e conquistaram seus direitos na marra. Hoje, o campo está em luta, a terra está grávida de esperanças. Argentina, Uruguai, Colômbia, México, Brasil... o povo de todo lugar está se erguendo e continua a batalha para expulsar daqui o colonizador, o imperialista e toda a forma de exploração que quer nos contaminar, quer que a gente fique doente também com seu vírus de ganância e opressão. Apesar de todo o nosso sofrimento, temos sempre encontrado formas de não dobrar a nossa espinha.

O jeito do povo fazer política e conquistar seus direitos sempre foi pela ação direta. Sempre foi se organizando e não deixando se contaminar com o poder burguês seja de governos ou patrões. O poder burguês não tem nenhum motivo para solucionar nossos maiores problemas, porque isto significa menos lucros para eles, isto significa mexer nas regras fundamentais de um jogo de poder onde o papel do povo é ser explorado e jamais reclamar.

• Na luta contra a fome, o poder burguês presenteia com promessas os estômagos de nossos filhos.
• Na luta por teto, o poder burguês destrói nossa casa e nossa história.
• Na luta por um trabalho justo e digno, o poder burguês nos chama de vagabundos.
• Na luta por terra, o poder burguês nos oferece cemitérios.
• Na luta por preservar nossa memória e valorizar nossa história, o poder burguês nos propõe o esquecimento."

(parte adaptada da 5ª Declaração da Selva Lacandona, EZLN, México)

Em toda a América Latina, a realidade está cada vez mais dura para os pobres. Ano que vem, mais um golpe do imperialismo virá para tentar nos dominar: a ALCA (Área Livre de Comércio entre as Américas). A nova etapa do capitalismo promete aumentar em 44% a pobreza no nosso continente em 2003 (dado da ONU), concentrando ainda mais a riqueza. Os governos latino americanos (Brasil, inclusive) estão comprometidos a pagar as dívidas internas e externas, dando cada vez mais poder ao FMI e Banco Mundial. Por isso, nenhum governo vai fazer as mudanças de que necessitamos: somente nós mesmos, organizados e em luta, vamos conseguir nos libertar.

Assim, estamos convidando a todos os movimentos, organizações de base e setores militantes que acreditam nas idéias e métodos baseados na:

• LUTA POPULAR, porque nunca vamos conseguir nada com a "luta" de gabinete, e nem esperando sentados que algum governo ou patrão faça por nós o que queremos;
• INDEPENDÊNCIA DE CLASSE, porque temos que ser os protagonistas de nossas conquistas, e não depender de governos, patrões ou partidos;
• DEMOCRACIA DE BASE, porque só dando a voz e a vez a todos é que vamos conseguir construir o Poder Popular, sem a hierarquia opressiva que o sistema nos impõe;
• SOLIDARIEDADE, porque só unidos e se apoiando enquanto classe oprimida somos mais fortes do que a burguesia.

DATAS: 25/01 (sábado) e 26/01 (domingo) de 2003

HORÁRIO: manhã, das 9 às 11:30 e tarde, das 14:30 às 17h.

LOCAL: Diretório Central dos Estudantes da UFRGS - Av. João Pessoa, n° 41, Centro. Porto Alegre/RS/BR