FSM: Atingidos por barragens bloqueiam rodovias para denunciar ação de multinacionais

Por Movimento dos Atingidos por Barragens/Via Campesina Internacional 26/01/2005 às 18:29
www.midiaindependente.org/pt/blue/2005/01/304710.shtml

Na manhã desta quarta-feira (26), cerca de 2.000 agricultores ligados ao Movimento dos Atingidos por Barragens e à Via Campesina Internacional iniciaram bloqueios de rodovias em quatro pontos diferentes no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. O objetivo da mobilização é denunciar no âmbito do Fórum Social Mundial a ação das multinacionais que estão construindo barragens na bacia do Rio Uruguai, expulsando milhares de famílias e destruindo o meio ambiente.

Cerca de 1.500 agricultores atingidos pela construção de usinas hidrelétricas, iniciaram na manhã desta quarta-feira (26/01) uma série de bloqueios de rodovias em quatro pontos diferentes dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O objetivo é pedir o fim da construção de grandes barragens no Brasil e denunciar no âmbito do Fórum Social Mundial a atuação dos grandes conglomerados internacionais responsáveis por estas obras, como a Alcoa, Alcan, Tractebel e AES.

Na localidade de Goio-Em, no trevo da RS 460 na divisa dos municípios de Chapecó (SC) e Erval Grande (RS), 600 camponeses iniciaram o bloqueio da rodovia por volta das 11hs da manhã. Na BR 116, no trevo que dá acesso a cidade de Vacaria (RS) estão concentradas 300 famílias. Os agricultores também estão bloqueando o acesso ao canteiro de obras da Barragem de São Bernardo, que está sendo construída sobre o Rio Bernardo José, afluente do Rio Uruguai no município de Barracão (RS). Em Santa Catarina, outras 250 famílias voltaram a bloquear o trevo da BR 470 que dá acesso ao canteiro de obras da Barragem de Campos Novos, região serrana do Estado.

Os bloqueios reúnem atingidos ou ameaçados pelas barragens de Itá, Machadinho, Barra Grande, Foz do Chapecó, Pai Querê, Monjolinho, Campos Novos, São Bernardo, Quebra-Queixo, todas na Bacia do Rio Uruguai. Segundo Luiz Dalla Costa da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) as mobilizações são por tempo indeterminado e os agricultores já iniciaram a montagem de acampamentos nos locais dos bloqueios. "As multinacionais estão transformando nossa região num imenso reservatório, expulsando milhares de agricultores de suas terras e destruindo o meio ambiente", denuncia.

Para o MAB, a maior parte da energia gerada por essas usinas será destinada para o abastecimento das fábricas de alumínio, cimento, ferro-liga e celulose, de propriedade das mesmas empresas nacionais ou estrangeiras que estão construindo as represas. "Essas indústrias são eletrointensivas, consomem muita energia, geram poucos empregos, causam enormes prejuízos ambientais e por isso são proibidas de se instalarem em vários países do primeiro mundo", afirma Dalla Costa.

Maximino Deparis, agricultor atingido pela Barragem de Itá denuncia que estes conglomerados estão se apropriando da energia e dos recursos hídricos brasileiros. "Enquanto nas nossas casas pagamos a quinta maior tarifa de energia elétrica do mundo, as indústrias eletrointensivas recebem eletricidade a preços subsidiados pelo governo". Para o agricultor, o Brasil está exportando "vidas humanas destruídas e florestas devastadas em forma de lingotes de alumínio", finaliza.

A mobilização também conta com apoio da Via Campesina, organização mundial de camponeses. A Via Campesina está realizando seu 3º Acampamento Internacional no Fórum Social Mundial. Além do fim da construção de barragens, os camponeses pedem indenizações justas para todas as famílias atingidas pelas usinas já construídas, diminuição do preço da energia paga pelos consumidores residenciais e investimentos num plano de desenvolvimento regional e em alternativas energéticas, como a solar, eólica e biomassa.

mais informações: (54)522-1857
www.mabnacional.org.br

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