Estamos diante de uma pre-revolucao? Ha protestos monumentais nas pracas, avenidas e ruas? Como colocar as teorias na realidade concretos, dos homens e mulheres de carne e osso: eis o grande enigma.
UM OUTRO MUNDO, MAS POSSIVEL.
Durante alguns dias, em Porto Alegre, o fórum social ira debater os grandes dilemas da humanidade. O cardápio já é conhecido: ruptura com o FMI, estatização do sistema financeiro, industrias e terras, confisco aos grandes devedores e similares.
Todas estas propostas são conseqüências de uma visão de mundo. Nesta, os trabalhadores carregam em si o germe da mudança como o ovo tem em si a promessa da ave. Talvez os operários nem saibam, mas possuem este potencial. Para esta tarefa é necessária uma direção que impulsione as massas, caso contrario, o germe revolucionário continuara adormecido nas mentes e corações. É uma visão, certo?
Mas se isto corresponde ao real, pergunta-se: por que as massas não tomam praças, avenidas e ruas em monumentais protestos? Por que a cada 500 metros não temos um comitê popular com uma organização de dar inveja a qualquer transnacional? Por que as próprias pessoas (e não a vanguarda) não tornam publicas suas próprias listas de desejos? Por que 90% dos trabalhadores não estão em reuniões, plenárias, seminários todos os dias, após um extenuante dia de trabalho? Por que não estamos boicotando os principais monopólios, deixando de consumir seus produtos e serviços?
Ainda temos varias perguntas no estoque, mas por enquanto basta. Não aceito pela esquerda, mas já constatado pela razão, é o rompimento de homens/mulheres reais com o "grande discurso" (se preferir com as filosofias da historia, com o messianismo, com o teleologismo, enfim, com as teorias progressistas que enxergam um inicio e um fim, na linha da historia humana). Uma narrativa que desemboca no bem, no melhor. Aquele militante dos anos 70, que deixava família, lazer e amor em segundo plano, é cada vez mais raro. Porquê? Por que as pessoas querem viver a vida, simplesmente. Deixo para a imaginação dos leitores, o que ocorre na cabeça daqueles que não vivem pelo e para o movimento. Deu pra imaginar?
No capitalismo sempre haverá miséria humana em todas as esferas (cultural, laborativa, tecnológica, etc). Mas nesse momento, há algum indicio de ruptura real? Acreditamos que não. Não podemos deixar que os desejos façam a leitura da realidade. O ideal seria uma quebra em todos os elos da corrente, mas onde está posto isto?
Talvez o grande enigma do fórum social seja colocar em pratica as teorias. Mas estas devem nascer do real e não da pura vontade. Nossa realidade não nos empurra para qualquer transformação de nível revolucionário.
Nossas propostas devem ser factíveis. Podemos lutar pela redução massiva da carga tributaria, talvez 2% (mas que incida desde o leite matinal ate o chazinho das 22 horas). Uma simples medida desta seria o suficiente para alavancar o desenvolvimento, com empreendimentos e empregos, com menos marginalização e favelas.
Uma grande revolução educacional na escola básica (primeiro e segundo graus) traria uma nova vida aos pobres. É nesse nível de saber que encontramos os que mais precisam do Estado. Infelizmente, para esta escola os representantes são poucos.
Um foco nestas duas sugestões (quem sou eu para tanto?) traria um grande alento aos que realmente precisam.
X20 Fortaleza CE
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