Eis, mais uma vez, a paradoxal questão: em quem confiar?
de quem fugir? a quem recorrer? Dilema cotidianamente experimentado pelos habitantes do mundo moderno, especialmente do Brasil (com grande destaque para o Rio de Janeiro),se faz presente nas estruturas do FSM. Mas não era aqui que um outro mundo seria possível?
Ato 1: encontro uma carteira no chão do Acampamento da Juventude. Colorida, feminina, facilmente reconhecível. Pego e dou uma olhada, já pensando em como fazer para devolver à dona, que descubro ser uma francesa, estudante da Universidade de Granada - Espanha, que guardava praticamente sua vida naquele pacotinho de couro.
Ato 2: Ouço falar de um "achados e perdidos", montado nas estruturas do Acampamento. Ainda desconfiada, decido anunciar na "Rádio do Acampamento" (aliás,uma emissora local de FM que em nada se enquadra à proposta da livre comunicação, defendida pelos grupos e coletivos organizadores do Laboratório de Conhecimentos Livres)que a carteira, lotada de documentos, cartões de crédito, alguma quantia pouca de dinheiro e PASSAPORTE, estava comigo. A figura não aparece para buscar a carteira e decido, então, levá-la ao achados e perdidos.
Ato 3: Explico o fato a cerca de 5 homens vestidos com uma camiseta de "segurança" do Acampamento, que me ouvem atentamente e me asseguram de que a carteira ficaria guardada, arquivada num banco de dados sobre objetos devolvidos e que a devolução seria anunciada, mais uma vez, na rádio.
Ato 4: Dois dias depois, perco um objeto pessoal meu. Vou, mais uma vez, ao achados e perdidos. Vejo uma caixa de papelão repleta de carteiras perdidas e peço aos seguranças, por pura curiosidade, para ver se a carteira que eu havia devolvido ainda estava lá.
Ato 5: Abro a carteira. Só encontro cartões de telefone. Nada mais. Fico indignada e sou convidada a falar mais baixo...
PORRA!
Dentro do Acampamento?
Dentro da (des)ORGANIZAÇÃO do Acampamento????
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