sexta-feira, 8 de fevereiro de 2002
Resistência contra o neoliberalismo, o militarismo e a guerra: pela paz e pela justiça social
Diante das pioras contínuas das condições de existência dos povos, nós, os movimentos sociais de todo o mundo, dezenas de milhares de pessoas, nos reunimos no Segundo Fórum Social Mundial em Porto Alegre contra o neoliberalismo e a guerra. Aqui estivemos em grande número, apesar das tentativas de romper nossa solidariedade. Nos reunimos de novo para continuar nossa luta, ratificando os acordos do Fórum anterior e reafirmando que "outro mundo é possível".
Somos diversos - mulheres e homens, jovens e adultos, camponeses-camponesas, pescadores-pescadoras, moradores da cidade, os e as trabalhadoras, desempregados, estudantes, profissionais, migrantes, povos indígenas e gente de todas as crenças, cores e orientações sexuais. A diversidade é nossa força e sua expressão é a base de nossa unidade. Somos um movimento de solidariedade global, unido em nossa determinação para lutar contra a concentração da riqueza, a proliferação da pobreza e a destruição de nosso planeta. Estamos construindo um sistema alternativo e usamos caminhos criativos para promovê-lo. Estamos construindo uma aliança ampla a partir de nossas lutas e resistências contra o sistema baseado no patriarcado, no racismo e na violência, que privilegia os interesses do capital sobre as necessidades e as aspirações dos povos.
Este sistema leva a um drama cotidiano, no qual milhares de mulheres, crianças e anciãos morrem de fome, falta de atenção médica e enfermidades que poderiam ser prevenidas. Famílias inteiras são obrigadas a abandonar seus lugares em conseqüência de guerras, dos impactos provocados pela imposição de modelos de desenvolvimento modernizadores, a perca de suas terras agrícolas, os desastres ambientais, o desemprego, a precariedade dos serviços públicos e a destruição da solidariedade comunitária. Tanto no Sul como no Norte, lutas combativas e resistências reivindicam a dignidade da vida.
Os acontecimentos de 11 de setembro marcaram uma mudança dramática. Depois dos ataques terroristas, que condenamos completamente, assim como condenamos os demais ataques sobre população civil em outras partes do mundo, o Governo dos Estados Unidos e seus aliados promoveram uma resposta militar massiva. Em nome da "guerra contra o terrorismo", tornaram vulneráveis os direitos civis e políticos em todo o mundo. A guerra do Afeganistão, na qual se utilizaram de métodos terroristas, está expandindo a outras frentes. Não é mais que o início de uma guerra global permanente que consolida a dominação do governo dos Estados Unidos e de seus aliados. Esta guerra revela a cara brutal e inaceitável do neoliberalismo. Se sataniza ao Islã, ao tempo que se exacerba intencionalmente o racismo e a xenofobia. E os meios de comunicação e a informação promovem um ambiente belicista, dividindo o mundo entre "bons" e "maus". A oposição à guerra é uma parte constitutiva de nossa luta.
Leia a declaração completa em nossa página na internet: www.mst.org.br
Mais de mil trabalhadores rurais participaram da Marcha pela Terra e contra a violência, em 6 defevereiro, em Iaras (300 km de SP). Seis militantes do MST estão presos na região. A denúncia de tentativa de homicídio e formação de quadrilha foi forjada pela polícia local com a contribuição do prefeito de Iaras. Um dos presos foi torturado e obrigado a "confessar os crimes". Ontem, o pedido de habeas-corpus foi negado pelo juiz de Cerqueira César (SP).
Deputados querem aprovar mudanças na Constituição para regularizar o plantio e consumo de transgênicos. Isto significa riscos para a saúde de nosso povo e à agricultura nacional. Foi criada uma comissão especial para acelerar o processo e a previsão de votação é para o dia 19, logo depois do carnaval.
Não deixe isso acontecer! Envie sua mensagem de protesto pedindo para que a comissão discuta com a população e, que se for preciso seja convocado um plebiscito. As mensagens devem ser enviadas para o Deputado Federal Confucio Moura (PMDB - RO) dep.confuciomoura@camara.gov.br - Telefone: 061-9986.45.73
Durante as atividades do Fórum Social Mundial, quatro grupos de teatro do MST mostraram que a Reforma Agrária também é cultura nas apresentações de 6 espetáculos, nos vários espaços da PUC. O trabalho é resultado de uma parceria com o Centro de Teatro do Oprimido, dirigido por Augusto Boal. As apresentações foram de Teatro-Fórum, categoria teatral que permite que os espectadores assumam o lugar dos atores para mostrar como buscariam resolver as situações de opressão. Entre as peças apresentadas estavam "A peleia do Boi-Bumbá contra a Águia Imperial" - para a discussão sobre a ALCA - e "O direito de comer direito" - sobre as ocupações de terras e os saques.
O MST foi convidado para participar do Carnaval 2002 pela escola Nenê da Vila Matilde, com o samba enredo "Em se plantando tudo nos dão, não!". O desfile acontece nesta madrugada, 9 de fevereiro, às 5 horas, no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo. Caso não possa comparecer, acompanhe pela televisão.
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